Que pergunta estranha! Mas eu vou explicar durante este texto.

Em 2019, eu aprendi a maior lição da minha vida, de uma forma bem clara. Acho que foi clara até demais. Talvez você já tenha aprendido essa mesma lição em outra situação, ou simplesmente lendo um post em alguma mídia social.

Essa lição que aprendi me leva (e levará você também) à pergunta do título: “O que você está fazendo hoje vai levar alguém para o seu velório?”.

Em fevereiro de 2019, eu me tornei pai. Um mês depois, eu perdi o meu pai. Em fevereiro de 2019, eu vivi uns dos momentos mais felizes da minha vida. Em março, certamente o momento mais triste até hoje.

Mas houve um dia em que eu vivi parcialmente os dois momentos. Era 28 de março de 2019, uma quinta-feira. Às 7h30, eu estava em casa trocando a fralda do meu filho de um mês de vida. Eu dei banho nele, passei a pomada e coloquei a fralda.

Depois eu fui para o hospital, onde meu pai estava internado. Às 10h30, eu dei banho nele, passei a pomada e coloquei a fralda. Eu jamais imaginei que estaria cuidando assim do meu pai, e eu jamais imaginaria que ele faleceria um dia depois.

Depois de alguns meses, ainda sem cair completamente a ficha de que meu pai havia falecido prestes a fazer 62 anos, eu estava revisitando as minhas memórias sobre aquela experiência.

Em fevereiro de 2019, eu vi meu filho nascer, e ele não trouxe nada. Em março, eu vi meu pai partir, também sem nada. Em fevereiro, meu filho veio completamente nu. Em março, meu pai só não foi completamente nu porque não poderíamos deixar o caixão aberto no velório (porque… né?!).

Talvez essa última frase tenha arrancado um sorriso seu de canto de boca (espero que sim), e o que eu quero com essa frase é tirar o peso dessa história que fala de morte, pois quero falar de vida!

E, revisitando as minhas memórias, eu aprendi uma grande lição de vida. Qual foi essa grande lição? Não, não foi a capacidade de trocar fralda em diferentes faixas etárias. Eu aprendi quão verdadeira é a frase: a gente vem sem nada, a gente vai sem nada.

É por isso que eu quero falar do meio da vida, porque o começo e o fim da vida são exatamente iguais, reafirmo: são EXATAMENTE iguais. O começo e o fim não importam, o que importa é o meio. Foi isso que eu percebi claramente na minha reflexão, meses depois daquele turbilhão de emoções.

Como eu disse no começo do texto, talvez você já tenha aprendido isso em outra situação, mas, para mim, aquele fevereiro-março foi a maior lição da minha vida.

Minha reflexão não parou por aí. Acho que não há muita gente que gosta de ir a velório, porque é difícil sabermos o que dizer e, também, porque nos sentimos incapazes de fazer qualquer coisa naquele momento. Mas eu fiquei impressionado com a quantidade de pessoas que foram ao velório do meu pai. Tinha gente para fora, gente que eu nunca vi na vida.

Então, eu aprendi a parte mais importante da lição de vida daquele fevereiro-março: uma pessoa só vai ao velório de quem teve uma vida importante.

Alguém só é importante quando nós o importamos, ou seja, quando nós trazemos a pessoa para dentro de nós. E isso nós não fazemos com qualquer pessoa, só fazemos com quem importa, com quem é relevante.

Ou seja, uma pessoa só irá ao seu velório se você tiver uma vida importante para ela.

Importante é diferente de ser famoso. Tem muita gente famosa que não tem a menor importância para você. Aliás, se você não faz parte de um fã-clube, a maioria das pessoas famosas não é importante para você.

Meu pai teve uma vida importante! Muita gente o importou para si. No velório, pessoas chegaram até mim e contaram quão relevante meu pai havia sido para elas. Eu sabia o que meu pai havia feito por muitas pessoas, mas lá eu ouvi histórias inéditas.

Para o meu pai, o velório cheio de gente não significou nada, mas, como eu disse anteriormente, o começo e o fim não importam, o que importa é somente o meio.

Você e eu estamos no meio da vida. Neste caso, não é a metade como na matemática, o meio da vida é tudo aquilo que está entre o começo e o fim.

Se você não nasceu em uma família privilegiada, não importa, porque o começo não importa. Se você tem muito dinheiro e pode gastar como quiser, não importa, porque caixão não tem bolso e, por isso, o fim não importa.

Existe um versículo bíblico que dá um importante conselho:

Eclesiastes 7:4
“O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria.”

Saiba que é melhor ter pessoas no seu velório do que em suas festas. Afinal, irão às suas festas pessoas que querem beber e comer, mas, ao seu velório, só irão pessoas para as quais você foi importante.

Você está no meio, você está vivendo a parte que importa!

Se você conseguiu chegar ao fim dessa leitura, vou deixar para você a pergunta do título: O que você está fazendo hoje vai levar alguém para o seu velório?

Até o seu velório! Porque, se eu estiver lá, quer dizer que você foi importante para mim. E, mais importante ainda, eu estarei vivoooooooo 😀

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